Feira de S.Miguel

Fazem-me lembrar o tempo em que ia à feira comprar umas botas para mim e outras para o meu filho. É Setembro e a feira aí está, dizia o sr. José quando contemplava este conjunto de bonecos. Na feira, passava também por uma outra tenda onde vendiam peças de artesanato de barro, tais como, bonecos, alguidares, fogareiros para grelhar a carvão e muitas outras coisas, hoje em desuso .

Bonecos de Estremoz

A feira era o acontecimento que se aguardava, nos mais diversos estados de espírito. Os adultos, porque dispunham de um momento em que a oferta era maior e mais diversificada, os mais novos porque teriam alguma hipótese de serem contemplados com um brinquedo. Na feira compravam-se os botins para enfrentar a chuva que se avizinhava, a roupa para o frio que era intenso, a boneca para a menina e a "camioneta" para o rapaz.

Estreava-se roupa nova ou vestia-se a melhor que se tinha para que naquele acto social nos pudessem ver "ao nosso melhor".

Bolotas

Montado de sobro

Árvore nativa do sul da Europa e do norte de África, o sobreiro ocupa grandes extensões em Portugal e Espanha, às quais se chamam montados.

Sobreiro

"Quercus suber"

O ritidoma, parte da casca da árvore, de cor castanha ou acinzentada, é rugoso, espesso e esponjoso ao qual se dá o nome de "cortiça".

Com grande peso na economia local e ainda com algum a nível nacional, a cortiça, é extraída na primavera, de nove em nove anos.

Bolota ou lande

No entanto esse aproveitamento do montado passa ainda pela utilização do fruto do sobreiro que é a bolota, também conhecida como lande, na alimentação do gado bovino ou ovino entre outros, sendo comum ver-se percorrendo zonas de montado.

Esconderijo

Tábua-larga ou Foguetes

"Typha latifolia"

O sr. António caçava no tempo em que, durante a época venatória, era possível fazê-lo todos os dias, fora das reservas de caça.
Disse-me que a cerca de quinhentos metros da casa onde morava, havia um açude que era o palco das suas caçadas aos patos. Sempre que queria um "patito" para comer com a família, rápidamente o caçava com a ajuda do seu cão de cobro, um retriver.

Algumas pessoas dão-lhe o nome de "Tabúa"

Escondia-se entre as "tabúas" e não demorava muito que eles não aparecessem. Depois era só apontar, abater um ou dois e de imediato regressar a casa porque bastava.
Hoje é quase um milagre trazer um para casa.

Traços suaves

Vale de Açor de Baixo

Há mais de uma dezena de anos que dei pela existência desta igreja e de todas as vezes que lá passei disse que gostava de a fotografar. Isso aconteceu só que apenas consegui fotografar o exterior.

Vale de Açor de Baixo

Entre Mértola e Beja, traços simples e suaves a condizer com o ambiente em que se insere, a paisagem alentejana.

Fiquei com imensa pena por não ter visitado o seu interior , mas olhando o ambiente que se vive em redor, por certo só em dia de Eucaristia.

Pão com manteiga

O fabrico de pão com fins industriais, embora de bairro, também aconteceu na Azervadinha e é testemunhado por esta chaminé.

Associado ao espaço onde se fabrica o pão está sempre o lugar onde se vende parte dessa produção.

Azervadinha - Coruche

Os mais novos, regressados de uma noitada ou os mais velhos porque madrugam, sempre usufruiram do prazer de comer um pouco de pão "quentinho" com manteiga. É madrugada, bate-se à porta e o padeiro, pessoa que por força da função que desempenha a essa hora lá está a trabalhar, traz pão quente.

Recordo que quando era jovem, oito ou nove anos de idade e ia passar parte das férias escolares, a casa dos meus tios, a mãe do meu tio, cozia pão ao sábado de manhã e eu, sabendo da coisa, lá estava sempre pronto para receber a oferta de um pão quente, com o qual me deliciava comendo-o quente e com manteiga.

Dois corpos

Santa Luzia - Tavira

Uma das situações que marcam a difença entre as noras que se podem observar no Algarve e as que se vêm nas outra regiões do país é o facto de os engenhos que maioritáriamente se apresentam no Algarve serem compostos por dois corpos, nomeadamente a parte que está acopolada ao reservatório da água e uma outra, na qual se exercia, ou exerce, o movimento de tracção que o faz movimentar.

Faro

A caminho do centro e norte do país, o engenho apresenta-se apenas com um corpo, instalado no reservatório da água e a força de tracção que o movimenta, roda em torno deste.

Praia do comboio

Voltando ao Algarve e também à Ria Formosa, as chaminés continuam a marcar presença, desta vez, numa passagem pela Praia do Barril, perto de Santa Luzia, podem ser contempladas chaminés que "fogem" ao rendilhado.

Refira-se no entanto que não foi o único local onde observei chaminés com estas características, donde se poderá concluir que não se trata de uma excepção.

Comerciantes e aventureiros

Mértola, a antiga Myrtilis do romanos, ergue-se de forma majestosa num cerro íngreme, ladeada pela ribeira de Oeiras e pelo rio Guadiana. Esta invejével posição geográfica, permitiu-lhe outrora excelentes condições de defesa.

Aqui chegaram e daqui partiram, ao longo de vários milénios, comerciantes e aventureiros de todo o Mediterâneo. Durante cinco séculos de domínio romano, Mértola tornou-se num importante porto por onde se escoava o minério da mina de S. Domingos e os produtos agrícolas de todo o Alentejo. Chegou, inclusivé, a cunhar moeda.

O texto apresentado é parte do que pode ler numa placa, colocada à beira da estrada, antes da ponte que atravessa a ribeira de Oeiras, mesmo ao chegar a Mértola, vindo de sul.